Por todas nós: Conselhos que não recebi sobre luta, amor e ser mulher - Resenha crítica - Ellora Haonne
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Por todas nós: Conselhos que não recebi sobre luta, amor e ser mulher - resenha crítica

Por todas nós: Conselhos que não recebi sobre luta, amor e ser mulher Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-8246-754-1

Editora: Astral Cultural

Resenha crítica

Nós

Durante toda a vida da autora, tentaram lhe vender a ideia de que para ser uma mulher bem-sucedida precisaria ter uma vida acadêmica impecável, estabilidade financeira, discursos brilhantes ao falar em público, cabelo sedoso, pernas perfeitamente depiladas e um olhar penetrante em cada interlocutor. Essa definição artificial de sucesso é comum de ser disseminada no universo feminino. 

Isso sem contar nas qualidades das excelentes donas de casa: cozinhar perfeitamente bem, estando sempre bem maquiada e usando uma roupa da moda. Sem isso, são muitas as mulheres que se sentem frustradas, já que não atendem aos requisitos impostos por pensamentos arcaicos, que não precisam mais, necessariamente, serem seguidos à risca. 

Ellora se achava na necessidade de ser um copo cheio até conhecer alguém que a transbordasse, fazendo-a uma mulher inteiramente realizada. Mas hoje, tem a certeza de que isso é humanamente impossível. A grande verdade é simples de ser compreendida, mesmo que demore anos até a aplicação plena: nenhuma mulher precisa ser perfeita, seguindo padrões estabelecidos por outras pessoas. 

Hoje, ela enxerga beleza no jeitinho estabanado, no cabelo volta e meia despenteado e, mesmo assim, se sente confortável. Quando está sem maquiagem, ou mal sabe a maneira de se comportar ao conhecer uma pessoa nova, não vem mais a culpa de outros tempos por não andar nos trilhos exigidos por uma sociedade conservadora.

Não é necessário passar uma imagem. Fundamental é ser como se é, sem moldar o comportamento de acordo com os outros.

Corpos são o que são

Sempre que a autora ouve outra mulher falando sobre o próprio corpo, tem a sensação de estarem falando de um ente à parte, ao qual muitas pessoas não se identificam. 

É comum ver muita gente se sentindo representada apenas pela personalidade e o espírito, colocando o próprio corpo como alheio, ou como se fosse um de seus pertences. 

Mas lembre-se: você não existe sem seu corpo. Ele, com as ideias, vontades e personalidade forma uma soma para ser tudo isso que você é. Você é pura matéria orgânica e esse conhecimento não pode ser desperdiçado, porque é mágico. 

Até o século XIX, mulheres se limitavam a seu corpo, especialmente à vagina e aos órgãos reprodutores, como se não tivessem outra função no mundo a não ser criar os filhos. Daí vem a objetificação, que busca fazer dos corpos ferramentas úteis e servindo aos outros, especialmente aos homens. Dá para notar como o corpo feminino sempre esteve envolvido em polêmicas. 

Quando se imagina que as mulheres são imprevisíveis intelectual e emocionalmente, é reforçado o sentimento de que só servimos para o prazer sexual. Até há poucas décadas, era comum pensar em nós como propriedade dos homens. 

Isso vem mudando aos poucos, mas é a objetificação que dá a impressão de que as mulheres são mais vaidosas do que os homens, como se o corpo fosse seu único valor.

Você é mais que um corpo, você também é seu corpo. Nunca se esqueça disso.

Talentos e vivências

A vida é uma coisa muito louca. E imprevisível. A autora relata alguns casos de mulheres com planos bem definidos para o futuro. Mas, na prática, a vida acaba encaminhando-as para outros caminhos. Se no começo pode haver frustração, no final acabam sendo bem-sucedidas de outras formas. 

Monica ama cinema, mas virou dentista. Nádia fala superbem em público, se formou engenheira. Beatriz assa lindos bolos aos fins de semana, formou-se farmacêutica. Raíssa ama moda, atua como advogada. 

Já ouviu alguma história parecida? Provavelmente sim, porque os talentos e as vivências de cada uma de nós são diferentes e não podem ser avaliados da mesma forma, sem levar em conta os contextos sociais distintos e a desigualdade de oportunidades. 

Seu sonho é sempre muito particular e não pode ser comparado com as metas e ambições de outras mulheres. E mesmo que tudo saia dos caminhos planejados, não significa que você fracassou. Na vida, é preciso se reinventar o tempo todo. Em todos esses casos de quem amava uma área, mas se especializou em outra, a capacidade de recomeçar foi colocada à prova de maneira imprevisível.

Ser mulher no século XXI é entender a necessidade de permanente transformação, para se manter conectada com o mundo atual, sem perder as oportunidades que surgem. 

Em família, com a família e pela família

Passamos da metade do microbook. Crescer é se descobrir mulher. Chega a hora em que se faz necessário entender quais os caminhos a serem seguidos, assumindo a responsabilidade da própria vida e, volta e meia, impondo-se diante de um mundo machista. 

O pilar que sustentava a casa da autora em seus primeiros anos de vida foi seu pai. Tinha personalidade forte, de poder, era visionário e intuitivo.  E ser filha é conhecer a masculinidade por meio do tom de voz do pai. Do carinho às broncas quando criança, Ellora entendia o comportamento do pai, que saía cedo de casa para trabalhar. 

Volta e meia, ele era visto gritando no telefone com alguém do trabalho ou mesmo dando instruções aos familiares sobre o que fazer na tomada de decisões. Sempre cheio de certezas e convicções, buscando proteger a esposa e os filhos, especialmente a mais nova, única mulher entre suas crias. 

E a autora reconhece ter na personalidade uma mistura do comportamento dele e de seus irmãos, Cayque e Athamy. Um deles a influenciou no gosto musical e estético. O outro sempre foi mais carente de atenção. Nos dois casos, sempre havia uma preocupação grande em não demonstrar traços de feminilidade. Caso contrário, seriam zoados no colégio e entre os amigos, expondo assim como as fragilidades masculinas podem afetar profundamente a personalidade dos homens. 

Ellora puxou dos homens de sua vida o lado mais forte. Afinal, os humanos são uma mistura de genes e mudanças constantes, provocadas pelo ambiente vivido. A descoberta como mulher de fibra e determinação se deu no convívio familiar, mas também nas pancadas dadas pela vida, em diversos ambientes de convivência. 

O que é ser feliz? 

Felicidade é muito mais do que uma situação de ocasião. Ela está na gente e não se manifesta o tempo todo. É ver alguém rindo, feliz, se divertindo. É um estado de espírito, não um lugar. Não pode ser encarada como uma linha de chegada, uma meta esperada durante toda a vida. 

A felicidade não aparece de supetão depois do pagamento de todos os boletos. É algo muito além disso. Algumas pessoas a enxergam como um acontecimento, de uma hora para outra. Um alinhamento dos astros e planetas, um acaso, uma dádiva divina, presente dos anjos. 

Já outros pensam na felicidade como uma construção diária. Para esse grupo, ao qual a autora pertence, esse sentimento é consequência das coisas produzidas dia após dia. Um resultado de muita paciência, a partir das escolhas feitas no cotidiano. É como um castelo, erguido com muito trabalho, tijolo a tijolo, sem descanso. 

Se você encara dessa forma, volta e meia é comum se perder nas próprias certezas, revendo convicções e conceitos. E isso é um procedimento normal, não se sinta culpada por rever o que lhe faz feliz, avaliando escolhas, situações e pessoas ao redor de outra forma com o passar do tempo. 

Este é um processo transformador, não um produto comprado no mercado. Até por isso, uma definição exata, digna de dicionários, é complicada. Sua felicidade pode ser bem diferente da minha.

Viva, ame e lute como uma garota

Antes mesmo de pensar em ter a popularidade obtida por seu canal no YouTube, Ellora já sonhava em escrever um livro. A linguagem escrita é a única que ela acredita ser capaz de expressar por completo os sentimentos.

E foi por meio de livros que ela aprendeu a questionar e analisar vários raciocínios diferentes, até montar o próprio pensamento e influenciar tantas mulheres em busca de inspiração. Quando ela para e pensa sobre o privilégio de realizar um sonho, não de ser famosa, mas de inspirar mais senso crítico em outras mulheres, é uma grande satisfação. Tem coisa mais linda do que melhorar a vida de outras pessoas?

Questionar e argumentar é o apoio necessário para atingir a autonomia, refletindo pela própria cabeça e conseguindo o que se quer sem imposições alheias. No mundo feminino, isso é mais do que necessário. Ser mulher no século XXI é aprender como há outras companheiras em contextos diferentes, com lutas que podem não ser as mesmas que as suas, mas que merecem respeito, atenção e incentivo para seguir adiante.

Este livro é por todas nós, mulheres destinadas a serem muito do mais que a sociedade machista e patriarcal quer. É um incentivo para quebrar paradigmas, fugir de rótulos e lutar, dia após dia, por um mundo mais igualitário. 

Notas finais 

Ser mulher é tarefa carregada de estereótipos, preconceitos e imposições hipócritas. Mas quando várias de nós se propõem a refletir e ensinar sobre novos caminhos a serem seguidos, fica mais fácil suportar tudo isso e construir novas pontes. Certamente, a leitura deste microbook abriu novos horizontes sobre como pensar não só o mundo ao redor, mas o verdadeiro universo dentro de cada uma de nós. Que todas sejam livres para viver como desejam, tendo a felicidade à sua espera.

Dica do 12min

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Quem escreveu o livro?

É uma YouTuber que fala sem medo de empoderamento feminino e questõe... (Leia mais)

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